terça-feira, 15 de março de 2011

A Cultura do Slow Down

Olá!

Nestes tempos de globalização, de quanto mais dinheiro melhor, de doentes workholics, como teremos tempo para a saúde física e mental? Ah! já sei o que vai dizer: faço academia três (quatro ou cinco) vezes por semana, malhar alivia a tensão. Mas ao sair da "relaxante malhação" o que você faz? Acelera tudo de novo "the money way of life"! E se você diminuir a velocidade, diminuir a ganância, a fome de ganhar grana? O que acontecerá? Se você nunca pensou sobre o assunto fatalmente não conhece o "Movimento Slow Down". Há muitos adeptos desta filosofia,  até empresas como a Volvo e a Nokia. Se não conhece aqui vai uma livre tradução que fiz do manifesto Slow Down.

"Não vamos  falhar. Vamos abrandar no escritório, e nas estradas. Vamos devagar com a crescente confiança quando todos aqueles que nos rodeiam estão em um estado agudo de hiperatividade (nada significante). Vamos defender o nosso estado de calma, seja qual for o custo pode ser. Vamos devagar nos campos e nas ruas, vamos devagar nas montanhas, nunca devemos nos render!

Se você pode diminuir quando todos à sua volta estão acelerando, então você é um de nós. Tenha orgulho de que você é um de nós e não deles. Pois eles são rápidos, e somos lentos. Se há algo que vale a pena fazer, vale a pena fazer lentamente. Alguns nascem com lentidão, outros tê-lo empurrado em cima deles. E outros ainda sei que deitado na cama com uma xícara de chá de manhã é o estado supremo para a humanidade."


Gostou? Em caso afirmativo visite o site http://slowdownnow.org/
Eu já fiz o meu cadastro. leeentammeeennnte!
Um lento e forte abraço e até!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Olá!

Todo carnaval é a mesma ladainha. Putaria geral pela cidade, drogas mais do que o normal do dia-a-dia. Não sou puritano, nem gay, mas é muita mulher, quase pelada, mais do que o normal em todo verão carioca. Tudo é normal, normal?!?! É por esses momentos e outros, das mulheres que gringo chega em nosso território e acredita que toda mulher é fácil (all women are horn). em homenagem a essa normalidade posto aqui o Soneto Anal, de Bocage e Mimosa Boca Errante, de Carlos Drumond de Andrade.


Soneto Anal




“Ora deixe-me, então… faz-se criança?
Olhe que eu grito, pela mãe chamando!”
Pois grite (então lhe digo, amarrotando
Saiote, que em baixá-lo irada cansa):



Na quente luta lhe desgrenho a trança
A anágua lhe levanto, e fumegando,
As estreitadas bimbas separando
Lhe arrimo o caralhão, que não se amansa:
Tanto a ser gíria, não gritava a bela:


Que a cada grito se escorvava a porra,
Fazendo-lhe do cu saltante pela!



— Há de pagar-me as mangações de borra,
Basta de cono, ponha o sesso à vela,
Que nele ir quero visitar Gomorra.



Mimosa Boca Errante





Mimosa Boca errante
à superfície até achar o ponto
em que apraz colher o fruto em fogo
que não será comido mas fruído


até se lhe esgotar o sumo cálido
e ele deixar-te, ou o deixares, flácido,
mas rorejando a baba de delícias
que o fruto a boca se premitem, dádiva.


Boca mimosa e sábia,
impaciente de sugar e clausurar
inteiro, em ti, o talo rígido
mas varado de gozo ao confinar-se


no limitado espaço que ofereces
a seu volume e jato apaixonados,
como podes tornar-te, assim aberta,
recurvo céu infindo e sepultura?


Mimosa boca santa,
que devagar vais desfolhando a líquida
espuma do prazer em rito mudo,
lenta-lembente-lambilusamente


ligada à forma ereta qual se fossem
a boca o próprio fruto, e o fruto a boca,
oh chega, chega a beber-me,
de matar-te, e, na morte, de viver-me.
Já sei a eternidade: é puro orgasmo.


Um abraço e até depois do carnaval!

terça-feira, 1 de março de 2011

Por que o Ocidente não ajuda o Paquistão?

Olá!


Recebo o Boletim do diplomatique/outras palavras no meu e-mail, de vez enquando uma notícia me salta aos olhos e me faz raciocinar sobre a maneira de como estamos sendo manipulados pela mídia. temos a visão desviada o tempo todo para não vermos certa situação. Esta do paquistão me chamou a atenção. A matéria de Tariq Ali, com tradução de caia Fittipaldi e Vila Vudu. Segue o texto.
foto: agência Reuters


Um desastre de proporções bíblicas: as enchentes provocadas por pesadas chuvas de monções durante o mês passado, já afetaram mais de 17,2 milhões de pessoas e mataram mais de 1.500, segundo os órgãos paquistaneses que trabalham no que deveria ser o atendimento aos flagelados. Esse ano, as chuvas não pararam, razão pela qual as enchentes alcançaram as proporções que se veem. Quase 2 mil mortos e mais de 20 milhões de desabrigados. Os desastres provocados pelo homem – a guerra no Afeganistão, que respinga também no Paquistão – não bastaram. Agora, o país enfrenta também tragédias naturais. Seria difícil para praticamente qualquer governo, mas, no Paquistão, o governo está virtualmente paralisado.
Ao longo dos últimos 60 anos, a elite paquistanesa jamais conseguiu construir qualquer infraestrutura social para os paquistaneses. É defeito estrutural profundo que afeta duramente a maioria da população. Hoje, os líderes paquistaneses seguem cegamente os ditames neoliberais do FMI, como único meio de manter o fluxo de empréstimos para o país. Se para pouco servem nos bons tempos, esses empréstimos são absolutamente inúteis quando o país enfrenta a mais terrível crise humanitária das últimas décadas.
A resposta do Ocidente foi contida. Nem se pode dizer que tenha sido generosa, o que provocou pânico em Islamabad e levou jornalistas pró-EUA no país a dizer que, se não chegasse ajuda imediata, os terroristas tomariam conta do país. É completo nonsense. O Exército Paquistanês controla tudo. Grupos religiosos e outros reúnem doações em dinheiro e ajudam alguns desabrigados. Tudo normal.
Desde o 11 de Setembro, uma onda sinistra de islamofobia cresce na Europa e em partes dos EUA. Recente pesquisa de opinião na Grã-Bretanha “multicultural” revelou que, perguntados sobre o primeiro pensamento que lhes ocorria ao ouvir a palavra “Islã”, mais de 50% dos entrevistados responderam “terrorista”. E não é diferente na França, Alemanha, Holanda e Dinamarca.
Esse modo de tratar o Islã como o “outro” eterno tem a ver com as guerras no Iraque e no Afeganistão, mas é atitude tão errada quanto o antissemitismo que desencadeou preconceitos e genocídio na primeira metade do século 20. Um milhão de iraquianos morreram desde que o Iraque foi ocupado: quem liga? Civis afegãos morrem todos os dias: a culpa é deles. Paquistaneses afogam-se nas enchentes. Indiferença.  Por isso, com certeza, a resposta de solidariedade ao Paquistão foi tão limitada.

Zardari junta-se ao Clube dos Sapatados, aberto por Bush

Outra das razões é doméstica. Muitos cidadãos de origem paquistanesa com os quais falei nas últimas semanas relutam em mandar dinheiro, porque temem que tudo acabe nos grandes bolsos dos corruptos que governam o Paquistão. Logo que as enchentes começaram, o presidente partiu para a Europa. Tinha de vistoriar propriedades; seu filho tinha de ser coroado futuro líder do Paquistão em Birmingham, Inglaterra.
A televisão europeia mostrava imagens de um país que se afogava, e o presidente estava a caminho, para férias em seu castelo do século 16, no interior da França. A coroação em Birmingham foi adiada. Foi demais, até para os legalistas. Zardari pronunciou um discurso impressionante, e um ancião da Caxemira, enfurecido pela quantidade de palavras sem qualquer conexão com a realidade, levantou-se e jogou um de seus sapatos contra o presidente-empresário, chamando-o de “corrupto e ladrão”. Zardari abandonou o recinto, furioso. O maior jornal do Paquistão escreveu em manchete: “Zardari junta-se ao Clube dos Sapatados, com Bush”.
Alguns manifestantes ergueram sapatos contra imagens de Zardari, outros levavam cartazes em que se lia “Milhares de mortos. O presidente tira férias” e “Os Zardaris passeiam pela Inglaterra, enquanto o Paquistão morre afogado?” Nada disso ajuda a recolher dinheiro para ajudar os flagelados.
A televisão europeia mostrava imagens de um Paquistão que tentava sobreviver à crise dos seus mais pobres, enquanto um helicóptero da Força Aérea francesa transportava o homem mais rico do Paquistão para sua mais extravagante propriedade, um castelo francês do século 16, Manoir de la Reine Blanche, com seus dois hectares de parques, lagos e florestas. Construído originalmente para a viúva do rei Philippe VI, é hoje propriedade do ‘herdeiro’ de milhares de paquistaneses mortos. Como é possível que tenha comprado um castelo na França? No Paquistão, todos sabem: com o suborno que lhe pagam empresas que investem no Paquistão.
No Paquistão, o grupo Jang, maior império de mídia do país, foi instruído pelo governo a não divulgar, pela rede GeoTV, imagens do incidente da sapatada. O grupo ignorou as instruções e, além das imagens, entrevistou o homem que atirara o sapato.
Não conseguiram dominar o YouTube. Mas os homens de Zardari tiraram do ar a rede GeoTV e outra rede, ARY, na região de Karachi e em partes de Sind. E centenas de jiyalas de Zardari – do partido de Zardari – reuniram-se à frente da sucursal da rede em Karachi, jogando pedras e sapatos. Reagiam contra a decisão do canal Geo de noticiar o incidente da sapatada.
Jornais do grupo Jang ardem, em chamas, por toda a cidade de Karachi. Não se vê nem sinal da polícia. Reação do grupo: os canais de televisão passaram a exibir clips de discursos de Benazir Bhutto defendendo a liberdade de expressão. As enchentes continuam…


Sem mais comentários... Então...
Um abraço e até!