segunda-feira, 8 de julho de 2019

R.I.P João

João Gilberto do Prado Pereira de Oliveira , nascido em Juazeiro10 de junho de 1931  foi um cantorviolonista e compositor brasileiro.[1] Considerado um artista genial, revolucionou a música brasileira ao criar uma nova batida de violão com influências do jazz para tocar samba: a "bossa nova". O jeito suave de cantar também foi visto como inovador. Para a revista Rolling Stone Brasil, foi o segundo maior artista brasileiro de todos os tempos.
Desde o lançamento do compacto que continha Chega de Saudade e Bim Bom, munido apenas da voz e do violão, começou uma revolução na música mundial.[7] Dono de uma sonoridade original e moderna, João Gilberto levou a música popular brasileira ao mundo, principalmente para os Estados Unidos, Europa e Japão. Tido como um dos músicos mais influentes no jazz americano do século XX, ganhou prêmios importantes nos Estados Unidos e na Europa, como o Grammy, em meio à beatlemania.


Com a introdução do microfone  e do amplificador no Brasil, João Gilberto percebeu que a fonte sonora não precisaria emitir o som intensamente, no âmbito da voz e do instrumento, o que favorece as interpretações sutis e interiorizadas. Por outro lado, na época das primeiras gravações da bossa nova, o Brasil ainda não possuía um equipamento de fidelidade suficiente para a reprodução de sonoridades mais complexas. Por esse motivo, João e Tom Jobim, seu primeiro arranjador, elaboraram harmonias complexas, sob influência da música norte-americana, e, ao mesmo tempo, simplificaram a sonoridade geral, por causa da limitação dos equipamentos. Os gestos, tão antagônicos, entretanto, se aliam, para buscar o núcleo vital da canção.
João inovou na gravação do Chega de Saudade ao pedir dois microfones, um para a voz e outro para o violão. O motivo é óbvio, apesar do choque que causou nos produtores do disco. Até então, gravava-se com apenas um microfone, com destaque para a voz em detrimento do violão. Além disso, é da própria natureza acústica do violão ficar restrito, em termos de volume de som, com qualquer instrumento de orquestra ou com o piano. Com a voz, o violão pode concorrer de igual, se a voz se mantiver numa intensidade natural, pois com qualquer elevação de volume da voz já há um encobrimento do violão. Desse modo, é necessária a emissão da voz num volume próximo à da fala comum. Com João Gilberto, voz e violão se mantém em igual intensidade de volume, com os microfones captando por igual ambas fontes sonoras e, em caso de necessidade, a alteração de volume de ambas seria em igual proporção
O tratamento harmônico da música de João Gilberto foi concebido exclusivamente para o violão. No LP Chega de Saudade, por exemplo, a participação da orquestra aconteceu apenas em termos de pontuações e fraseados breves, em algumas ocasiões.Nos encadeamentos, ou ligações, harmônicos, João criou as dissonancias tonaiss na sua mão esquerda, sobre o braço do violão, na construção dos acordes. Quanto ao ritmo, que está ligado à mão direita de João, a batida tem influência tradicional do samba. Ao tocar em acordes, e não em arpejos, João dava ritmo ao violão, de forma que colocava uma bateria de escola de samba em miniatura nas seis cordas de seu violão. Entretanto, João Gilberto retirou a obviedade da marcação do tempo forte, caracterizado no samba pela marcação periódica do surdo.Essa Síncope, ou acentuação do tempo fraco do samba, criou tensão à música, um impulso rítmico maior. João Gilberto possuía domínio absoluto sobre o ritmo[ e sempre fugia da obviedade, da regularidade. Essa batida rompeu com a cadência do samba "quadrado", criando possibilidades harmônicas, antes impossíveis. Desse modo, João podia atrasar ou adiantar o ritmo com sua batida compacta, forma que modernizou o samba. A voz também tinha um função rítmica. Ela colaborava com a percussão, atraindo ou retardando, sublinhando o ritmo pela ausência, ou com técnicas vocais. No pulso do João, a oposição entre tempo forte e fraco era relativizada pelo bordão. João também mudou a forma de o baterista tocar, trocando as duas vassourinhas ou duas baquetas por uma vassourinha e uma baqueta, cada mão com divisão diferente. por essa e tantas outras inovações é que João Gilberto deixou sua marca na história, não somente da música, mas da cultura mundial. 
Termino este post com as palavras de Miles Davis sobre João Gilberto: "Ele pode até ler jornal que soa bem"

Um Abraço e até!